sexta-feira, 29 de maio de 2009

Inominável

Sinto as palavras enfraquecidas
Como se fossem insuficientes os sentidos
Vejo a rima e a métrica arrefecidas
E a poética a procura dos tesouros escondidos

Teu som cala os lábios e põe o riso nos cantos
Figura que irrompe a manhã e afugenta o sol dourado
Que busca outro infinito e cede a vez aos teus encantos
Para admirar tua luz qual dia ensolarado

Para explicar-te faltam letras, siglas, orações
Signos, códigos, fórmulas, funções, teoremas
Nem a rica metalingüística, lenitivo dos corações
Traduz teu tom que silencia todos os fonemas

Tua dança é branda pantomima indecifrável
Talvez análoga ao balé das folhas ao vento
Uma fonte de magia, na candura mais afável
Ou serás, vertiginoso, o próprio ar em movimento?

Em tua pele, cobre estonteante, os anjos hão de repousar
Loucura que atordoa a língua mãe, em verso e prosa
A lua em milhões de fases crescentes a vislumbrar
Tua tez, macia gabardina, a desvendar meu cor de rosa

Tua forma primorosa de salobro delineamento
Representa os traços da arquitetura magistral
Povoa-me inteira, plural do meu contentamento
Deleita a mente do poeta o saboroso madrigal

Aprendi que não há tempo nem modo, ciência ou exatidão
Tudo é haplologia restritiva de qualquer sentido
Indizível é sua figura em sua terna amplidão
E o teu amor lanceando meu peito, antes adormecido.

4 comentários:

  1. "...E das bocas unidas fez-se a espuma
    E das mãos espalmadas fez-se o espanto."
    (Vinícius de Moraes)

    Pra você, que mergulha corajosamente em águas profundas, como as do amor.
    Te amo

    Mauro

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  2. éh tão bom esta apaixonado ne amiga?
    bjsss te cuida e venha nos visitar!

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  3. Sempre me surpreendendo. O seu domínio em relação as palavras é impressionante.. preciso de aulas de interpretaçao de texto. hohoho. bejus

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