quinta-feira, 7 de maio de 2009

Um dia de cada vez

Você:
Hoje eu acendi a luz. Deixei pra trás o negror dos tempos onde o homem era um vestígio frívolo da incapacidade de se amar. Puxei o ar que, castamente entrante, escorregou por minhas narinas e cumpriu, enfim, seu destino.
Eu:
Hoje estendi a mão. Tornei impraticável uma desdita. Segurei da forma como pudera e o mais que conseguira o gosto pela vida, que se fizera amargo. E na superfície nada plácida, ergueu-se o rosto à procura pelo belo açúcar.
Você:
Hoje me levantei. E dando conta de toda sujidade, olhei minha vestimenta impura e desejei uma fonte para banhar-me. Uma fonte sobrenatural que atingisse o princípio de vida, de uma criatura que ainda tem tanto para avançar e perdurar.
Eu:
Hoje desenhei uma chama. Alimentei com vivacidade uma esperança. Fiz a santa escolha pelo pavio aceso. Estive nos lugares obscuros e retornei ao dia claro, com você pelas mãos. Então, olhemos essa claridade, pois assim compreenderemos que o fogo vai tornar mais puro o viver.

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