sábado, 25 de abril de 2009

Vento No Areal


Por ater-me ao teu encanto vejo desmoronar minhas dunas, contemplativas de toda razão e lógica que, por vezes, puderam sustentar-me inteira e sã. Você, como o vento que apavora os grãos, infundiu pavor ao meu bom senso causando a fuga da minha complacente serenidade.
Tuas naturais vestes de cor trigueira, que meus olhos, na indissolúvel lonjura, apenas sonham ousar sabê-las, saculejaram meus sentidos que hoje deslocam-se na tua intensão, somente.
És o ar em movimento a transgredir e remontar histórias, compostas por pequenos afagos, pequenos ósculos e pequenos segredos, marcados pelo nunca de um não poder existir. E que no tocante de sua inexistência tende a agigantar os desejos, a corroer-me as entranhas e é onde me faço inerme.
Entrego-me à ventania para ser tomada por sua aragem, a despir-me e encorajar-me num impulso à vida que pretende, doce e irraigada, não se deixar dissipar.

4 comentários:

  1. Belo blog, gostei do que escreves por aqui. Parabéns, votos de atualizações mais períodicas.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Caramba, Adriana! Não sabia que você era detentora de tamanho talento para escrever. Parabéns mesmo, adorei!!!

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  4. Ah, suas palavras sempre me mostram alguma coisa. Tu bem sabes que gosto do que escreves...

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