domingo, 5 de abril de 2009

Dedos na Tomada

Ando um pouco chocada e deveras preocupada. Hoje me consterna saber que poderia ter feito a diferença entre os 49.17% que, por tão pouco, não elegeram o ex-hippie e ex-candidato à prefeitura da cidade do Rio, Fernando Gabeira. Como dizia vovó, sobre o leite derramado já não se pode mais chorar. Muitos viajaram, outros foram à praia, alguns simplesmente não queriam ou não tinham candidato. Eu vaguei entre a última opção e um compromisso religioso. E pronto: fez-se a caca. O mau cheiro se espalha pelo temor da indagação. Do tipo de questionamento que você não fez quando resolveu driblar as condições adversas e convidar aquele cara pra sair (hoje ele é seu marido e pai dos seus filhos). Ou na ocasião em que decidiu que ia tentar o vestibular mais uma vez (e passou na terceira tentativa). Mas eu, como muitos, me pergunto: o que teria acontecido se...? Pois é, o compromisso era sério e a vontade de votar inversamente proporcional. E o grande engodo que é nossa democracia? Isso contribuiu para que, de uma hora pra outra, a cidade tivesse seus dedos grudados na tomada. Se minha percepção está cambeta segue do mesmo modo minha crença nessa Prefeitura.“Choque de Ordem” é um bom nome. Tenho que concordar. Fiz segundo grau técnico em publicidade. Mas o que está oculto, o que se pode saber dessas entrelinhas? De acordo com o G1, “nos cinco primeiros dias de operação Choque de Ordem da nova prefeitura do Rio, foram apreendidos 230 toneladas de material e lixo. Desde às 5h de segunda-feira (5), 257 moradores de rua foram acolhidos, cerca de 1,3 mil veículos multados e 280 rebocados.” Minha cabeça já anda caducando ao questionar esses números. Pensando... Para casa de quem foi tanta muamba apreendida? Por que é tão difícil identificar o elemento causador da desordem e combatê-lo? Quão penoso é pegar o dinheiro arrecadado em impostos e realizar as verdadeiras benfeitorias governamentais que não constituem em si um mero favor à sociedade? Dissuadir as crianças e jovens da torpe idéia, antes semeada, de que para concluir as mais importantes etapas da vida é preciso apenas tirar uma medíocre nota 4.0? Quando vão abrir e romper com acordos responsáveis pela imoral tarifa dos transportes urbanos? Em que ocasião um cidadão extremamente adoentado vai dirigir-se a um hospital e encontrar um tomógrafo funcionando? Pode tratar-se de um bom nome, mas talvez não seja eu seu público alvo. Contudo, polianamente, rogo à Prefeitura: choquem-me!

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